Às vezes, as atitudes do outro — ou a falta delas — pode fazer com que a gente se sinta atacado em uma relação. Mas é importante lembrar: nem sempre a culpa é sua!

A frase que intitula o texto poderia ter sido dita por uma infinidade de mulheres — e provavelmente já foi —, mas foi usada neste caso para exemplificar algumas questões desafiadoras que mulheres — e homens também — têm de lidar durante o processo de encontros e desencontros da vida enquanto estão solteiros.

Muito já foi falado sobre a “liquidez” das relações hoje em dia — um termo cunhado da ideia do sociólogo Zygmunt Bauman, que dizia que as relações estavam ficando cada vez mais efêmeras, e apesar de nem todos concordarem com essa ideia, de que os relacionamentos hoje seriam piores do que antigamente, não existe cena que melhor exemplifica essa rapidez insana com que nós interagimos com outras pessoas de forma afetiva do que os aplicativos de relacionamentos. Como em um catálogo, com poucas fotos e algumas informações, se forem cedidas, temos um primeiro contato com alguém que gostaríamos de conhecer melhor, mesmo que seja para sair algumas poucas vezes.

Existem sim casos de casais duradouros e felizes que começaram online, mas certamente o método perde um pouco da interação tão necessária na construção de relações.

E dessa forma, em que as primeiras informações que temos sobre o outro foram publicadas mediante a própria curadoria, fica mais fácil ainda cairmos em uma armadilha: jogar a pessoa em quem temos interesse no buraco de nossas idealizações. Se não temos contato com algum momento genuíno da pessoa em muito tempo, nossas mentes se incumbem de carregar o pobre indivíduo com nossas fantasias, cuja realização em momento algum é responsabilidade do outro.

Certo, você está pensando, mas o que isso tem a ver com a provocação feita no título? Pois bem, já será explicado!

A queixa da moça, se feita por um homem, seria tratada com mais naturalidade ou rechaçada por seu teor, pois socialmente falando, é mais aceitável que uma mulher não queira ter relações com um homem com quem esteja saindo. Talvez ela não esteja no clima ainda, talvez precise se sentir mais confortável ou simplesmente não tenha interesse nele dessa maneira.

Mas então, por que quando os papéis se invertem a situação chama tanto a atenção? Ora, porque existe toda uma construção social que pinta homens como criaturas bestiais, que nunca recusam a oportunidade do sexo, logo se um rapaz não quer ter relações com uma moça com que esteja se envolvendo, a culpa deve ser dela por algo que fez ou deixou de fazer.

Sim, esta é uma possibilidade, de fato, mas permita-me apresentar outras.

Assim como as mulheres, homens também podem escolher esperar um pouco mais para transar, podem ter inseguranças com o próprio corpo ou simplesmente não ter interesse na pessoa neste sentido. Existe até mesmo uma orientação sexual, na qual a pessoa não sente vontade de transar e consegue tirar satisfações em outras áreas da vida e não sentir falta dessa atividade, a assexualidade.

O homem que não quer transar não é menos homem por isso! E se o caso, de fato, for que ele deseja esperar um pouco mais para se sentir mais confortável para dar esse próximo passo na relação, então sua escolha deve ser respeitada, da mesma forma como a de uma mulher seria.

E, de forma alguma, a “recusa” desse homem é sempre atrelada à mulher! A sociedade nos faz acreditar que qualquer possível falha em um relacionamento é sempre culpa da mulher, por isso elas crescem acreditando que interações românticas devem ser sua prioridade máxima. A verdade é que, se ele não quiser, por quaisquer que sejam seus motivos, não importa quão perfeita uma mulher tente ser para um homem, a relação não sairá do lugar.

E sim, é chato, mas também é uma alternativa: talvez ele simplesmente não esteja a fim de você. É doloroso, a rejeição não é fácil, mas se a consola, saiba que este foi apenas um homem que não a quis em um mundo cheio de tantas outras possibilidades.

Só há uma forma de descobrir do que essa atitude — ou a falta dela — se trata: o diálogo.

Se você se importa com esse homem o suficiente para querer ter algo com ele, então nada melhor do que levar suas dúvidas diretamente à fonte.

Certamente é melhor do que ficar sozinha, com seus pensamentos, confabulando o que pode ter feito de errado, quando na maioria das vezes a questão pouco diz respeito a você.

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Giovana Souto
Jornalista, podcaster e redatora no site O Segredo. Busca usar as palavras para, acima de tudo, provocar sensações genuínas em quem as recebe. Tudo o que afeta, tem afeto, para o bem ou para o mal!

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