Já que, como disse Tennessee Williams: “Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir”.

Encerrar um ciclo, mudar o curso de um rio, construir uma muralha que nos separe do que não gostamos, desconstruir paradigmas, terminar de uma hora para outra com antigos conflitos. Não são tarefas fáceis de serem feitas. Na teoria, até pode ser. Na prática, longe disso.

E quando não se consegue a mudança que se deseja, o sentimento de frustração nos invade, toma conta. É como “dar murro em ponta de faca”, “remar contra a maré”, já que nem sempre “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

Quando agimos desta maneira, alimentamos insistências desnecessárias, regamos desgastes físicos e emocionais, cansamos. Não existe verdade absoluta, apenas pontos de vistas diferentes.

Divergências morais nos atingem como blocos de paralelepípedos jogados de um prédio de 21 andares. Machucam, ferem.

Como tão bem descreve Nane Lemes, “chega uma hora em que cansamos de sangrar sozinhos. Não é fácil escolher a leveza ao invés do peso das correntes e da bola de ferro que nos prende ao outro. É necessário dizer chega, não quero mais! É necessário doses e mais doses de amor próprio. É necessário cessar as expectativas colocadas em algo que já não nos faz bem e trilhar um novo caminho. Os momentos bons vividos ficaram guardados na memória, onde quando quiser poderá passear, revisitar. Porém, não esqueça os ruins, seja alquimista e transforme tudo em aprendizagem. Entenda que quando o seu querer não bate com o querer da outra pessoa, se torna um querer sem poder”.

E assim, muitas vezes, não é que se deixou de amar, não é que se deixou de querer fazer com que algo dê certo, não é desacreditar num projeto ou num sonho. É cansar. É querer algo novo. É evitar desgastes e picuinhas desnecessárias. É partir.

Já que, como disse Tennessee Williams: “Há um tempo para partir, mesmo quando não há um lugar certo para ir”.

O que você achou do texto?

Muito legal
0
Gostei
0
Amei
0
Não sei
0
Bobagem
0
Karol Pinto
Jornalista, balzaquiana, apaixonada pela escrita e por histórias. Alguém que acredita que escrever é verbalizar o que alma sente e que toda personagem é digna de ter sua experiência relatada e compartilhada. Uma alma que procura sua eterna construção. Uma mulher em constante formação. Uma sonhadora nata. Uma escritora que busca transcrever o que fica nas entrelinhas e que vibra quando consegue lançar no papel muito mais que ideias, mas sim, essências e verdades. Um DNA composto por papel e tinta.

Os comentários estão fechados.