Como lidar com o tempo é um assunto muito particular. Todas as pessoas, de todas as partes do mundo têm uma maneira particular de tentar classificá-lo em etapas muito demarcadas, mas, ainda assim, percebem que se trata de um trabalho inútil. Um exemplo da particularidade do tempo é quando nos perguntamos até que idade a infância dura.
Antigamente, dizia-se que a infância terminava aos sete anos, pois a partir dessa idade já podemos pensar utilizando a razão. Hoje em dia, sabemos que não existe uma idade definida para o fim da infância, que depende da alma de cada um. Há pessoas que conservam em si a infância mesmo aos 60, 70 anos de idade, por mais que o corpo não compartilhe desse pensamento.
Se voltarmos para apenas algumas décadas atrás, descobriremos que nessa época os jovens de 20 anos já eram candidatos ideais para o casamento e formação de família. Atualmente, essa realidade já não existe mais, e pode até mesmo ser considerada um absurdo. Os jovens que vivem a segunda década de sua vida em nossa época estão fazendo coisas para si mesmos, estudando, abrindo negócios, trabalhando, viajando, não há mais uma preocupação constante com relacionamentos e filhos. Esse contraste é uma grande prova de que não há momento muito cedo ou muito tarde, para vivermos experiências na vida.
A vida cotidiana e as mudanças que a acompanham
Nós nem sempre vivemos nossas vidas exatamente como planejamos, focando em nossos objetivos e nos tornando quem realmente nascemos para ser. Frequentemente, ficamos presos a nossas rotinas e compromissos diários, cuidando de nossas famílias, animais, e nos torturando no trabalho, pois acreditamos que essas são nossas missões na vida e que outras atividades que envolvam autocuidado e amor-próprio são superficialidades ou raridades, que apenas existem na realidade de pessoas ricas e/ou solteiras.
É comum abandonarmos sonhos que nutrimos desde criança, como tocar um instrumento, viajar para algum lugar distante, criar uma empresa própria ou ter um relacionamento realmente feliz, porque acreditamos que já estamos velhos demais para acreditar em “contos de fada”. E, muitas vezes, a realidade parece apoiar esse padrão de pensamento e comportamento, pois frequentemente nos presenteia com crises que podem tirar nosso sustento, traições ou mudanças de planos de vida, que podem despedaçar um relacionamento e provocar a perda do ser amado, o que nos deixa completamente perdidos na vida.
Esses momentos sacodem a nossa realidade e mudam toda a nossa existência, fazendo-nos entender que a vida e o tempo não são contínuos. Muito pelo contrário, estão sempre se transformando e reinventando, e precisamos acompanhar o seu ritmo. No entanto, também nos fazem refletir e despertar todas as mudanças que devemos fazer para estarmos preparados para as próximas fases de nossas vidas, que, muitas vezes, chegam para nós em páginas brancas, esperando que as completemos sozinhos.
A reinvenção é sempre possível
Nos momentos de crise em nossas vidas, somos forçados a adotar um novo ponto de vista e ver os muitos caminhos que podemos seguir e para onde eles podem nos levar. E isso é uma coisa boa, por mais que não pareça assim no calor no momento. Nem sempre podemos retomar um padrão de vida que uma vez levamos, ou porque coisas maiores do que nós nos impedem ou porque sabemos que nossa vida precisa ser reinventada.
Quando essa necessidade de reinvenção aflora, surge dentro de nós mesmos um sentimento de loucura motivada que nem sabíamos que existia. Esse sentimento nos faz considerar todas as mudanças que temos medo de realizar e pensar: “por que não?” Por que não fazermos uma revolução em sua existência, em busca de uma vida mais completa e feliz?! Porém, tendemos a temer mudanças, principalmente aquelas que transformam todo o nosso viver, pois não sabemos se seremos capazes de resistir quando a chama da novidade se apagar.
Apesar de tudo isso, por favor não se esqueça de que nunca é tarde demais para se arriscar, amar, aprender, sonhar, triunfar, viver!
Nossa idade nunca nos impedirá de sermos conquistadores. Somos eternos aprendizes da vida! Para termos a coragem necessária para transformarmos nossa realidade, devemos apenas manter em mente que, enquanto respiramos, o tempo nos pertence.
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Créditos da imagem: Christian Schloe