Outra visão sobre esse relacionamento tão importante, cujas consequências emocionais carregamos a vida inteira.
A maternidade é um tema quase sempre abordado de forma positiva, romântica e feliz e, em muitos casos, isso se justifica. São muitas as mães que criam um vínculo positivo e saudável com os filhos desde o seu primeiro dia junto e, no decorrer de suas vidas, mostram-se sempre presentes, oferecendo todo o suporte emocional e financeiro do qual precisam para construir uma vida feliz e bem-sucedida.
No entanto, para muitos filhos e filhas, o relacionamento com as mães é muito diferente daquele visto e aceito como certo. Essas pessoas percebem, desde uma idade muito jovem, que não possuem conexão tão forte e verdadeira com suas mães, e passam diversos anos tentando descobrir o motivo disso, até se culpando por não receber o amor e atenção que acham que deveriam.
Como vivemos em um país onde a família é culturalmente valorizada, somos incentivados a estar o tempo todo perto de nossos pais, e também crescemos acreditando que eles são aqueles que mais nos amam e se dedicam à nossa felicidade. No entanto, uma coisa que precisamos ter bem claro é que a realidade nem sempre se manifesta para nós dessa maneira.
Só porque a função evolutiva das mães seja nos oferecer segurança e estabilidade, não significa que é obrigatoriamente assim em todos os casos, a romantização desse relacionamento pode nublar a nossa visão e nos prender a relacionamentos extremamente tóxicos.
Nem todas as mães estão realmente preparadas para criar os seus filhos de uma maneira saudável, equilibrando o amor com as responsabilidades e plantando em seus corações as sementes da confiança e do equilíbrio e saúde emocionais.
Por mais triste que seja reconhecer, existem mães narcisistas, que são simplesmente incapazes de amar, cuidar e sentir empatia por seus filhos, e em alguns casos, com qualquer outra pessoa.
Essas mães são propensas a humilhar os filhos e tratar apenas alguns como privilegiados, enquanto culpam os outros por tudo que acontece, além de nos fazer passar por violência física ou psicológica, mentir para elas, distorcer a realidade a seu favor, além de usar a manipulação e a alienação como recursos emocionais negativos.
É comum, nesse tipo de relação, que as filhas sejam as mais prejudicadas, já que as mães as enxergam como suas rivais diretas. As filhas de mães narcisistas podem crescer profundamente inseguras e infelizes consigo mesmas, acreditando que não são merecedoras de amor e carinho, e projetando esses traumas em suas relações futuras, pensados que sempre serão abandonadas por todos aqueles que entrarem em suas vidas.
Os efeitos da criação por uma mãe narcisista começam cedo, mas não costumam parar com o tempo. Na verdade, são muitas as filhas que passam por essa estrada por anos e só descobrem depois de adultas que são vítimas das mães narcisistas, sofrendo muito para se libertar de todo o mal causado por essa criação.
Embora tentar lidar sozinha com esse tipo de situação, seja por medo ou vergonha de se expor, seja a primeira opção de muitas dessas filhas, é importante reconhecer que um trauma como esse não é superado da noite para o dia, e essas pessoas precisam de ajuda para recomeçar o caminho.
Buscar o auxílio de profissionais capacitados, que ouçam e entendam tudo aquilo pelo qual passaram, é o primeiro passo para encarar o passado com coragem e motivação, e começar a se curar de todas as feridas interiores. As mães abusivas, que não conseguem amar os filhos, são reais e estão por toda parte. Quanto mais preparados formos para lidar com elas, se for o nosso caso, mais estaremos no controle do próprio destino.