Vivemos sob expectativas de um mundo florido, com músicas e cheio de paz. E de contínuo, esperamos essa paz, da janela do nosso quarto, às vezes sem fazermos nada para que essa realidade seja mudada.

Eu, muitas vezes, vejo o mundo passar pela janela do meu quarto, vejo nuvens velozes, luzes cansadas, vejo o pôr do sol sendo desfeito pela negridão da noite. E ouço da janela, uivos infelizes e depois de alguns instantes, ouço algazarras, nem sei ao certo se vozes de lamento, ou de euforia, mas sei que o mundo parece perdido, conturbado, mesclado entre amor e ódio quase inacessível ao seu humano normal.

E o mundo continua a passar pela janela do meu quarto. Como num momento de descontração, perco-me na totalidade de um mundo paralelo que parece se desfazer, diante de um sonho, ou que se perde num descuido imaturo.

Perde-se o tino, com o desamor que impera e homens despidos de lealdade, fecham-se para o amor. Ouço da janela do meu quarto, melodias quase ininteligível, músicas que falam de fama, de dinheiro e guerra civil, não ouço sequer uma canção de amor, tampouco ouço os acordes de um violão. Todos temem amar, julgando fora de moda. E destroem-se mutuamente, em busca de “mais”. Porque frustram seus sonhos, ou se impedem de sonhar. De viver em paz. De amar. Primavera, verão, outono e inverno, perdem o valor e a promessa de poesia.

Flores apenas servirão para celebrações póstumas, porque o amor, outrora cultivado, hoje é apenas lembrança, uma visão de uma necessidade corrompida pela ganância.  É uma situação, muitas vezes, cômica. Porque nos preocupamos demais e muitas vezes, amamos de menos.

Vemos a fragilidade da vida alheia, como seus erros e mazelas do cotidiano, mas nos apoiamos no egoísmo e deixamos tudo fluir com naturalidade, como se a vida fosse apenas o “hoje”, sem externar aquilo que está no nosso interior.

Mas ainda podemos partilhar um mundo de amor, e nunca deixarei de acreditar, que em alguma janela, há uma visão de um mundo diferente.

Sem a realidade desse momento inóspito. Um mundo onde reina em todos os corações, apenas a bondade e o amor.

Simplesmente porque o amor vence todos os obstáculos.

O que você achou do texto?

Muito legal
0
Gostei
0
Amei
0
Não sei
0
Bobagem
0
Jorge Amaral
Jorge Amaral, brasileiro, natural de Ataléia/MG. Comerciante e escritor semi-profissional. Escrevo porque considero a minha vida como uma eterna poesia, porque me perco na escrita e me encontro na leitura. Livro publicado - PALAVRA É ARTE - Coletânea com outros autores.

Os comentários estão fechados.