Vou lhe falar que sinto um pouco de medo. Sei lá, medo de como as coisas têm ido conosco. Como assim, até ontem eu estava sem ninguém e hoje já tenho planos com você?

É razoável que eu sinta medo, né? Não que eu não confie em você ou algo do tipo, não é isso. Mas coração nenhum está pronto para mudar de rota da noite para o dia. Por mais natural que isso seja, sempre será um choque.

Vou mentir, porém, se disser que não estou gostando. É tudo bastante novo, mas já tem sabor para mim. Eu gosto de ver que você quer dividir seus dias comigo.

Vou lhe explicar o que acontece: já passei por isso antes. Era tudo bastante parecido. Eu não esperava mas, quando me dei conta, tinha acontecido. Só que eu mergulhei tanto – eu sempre mergulho –, eu me entreguei e me vi caindo em algo sem saber o que era, afinal, é assim que funciona, né? Mas aí eu, do mesmo jeito que mergulhei, fui tirado lá de baixo, ou seja, conheci alguém que transformou meus dias para bons e para péssimos. Foi muito louco e traumatizante.

Não saber até onde vamos dar é o que me desespera. Não que eu queira as respostas, que eu queira as dicas ou qualquer coisa do tipo, é só estranho para mim caminhar sem saber para onde estou indo. E é bom ao mesmo tempo. Que inferno!

Ir devagar ou aproveitar?

No fundo, eu estou gostando disso tudo, principalmente do fato de eu me sentir gostado. Acho que essas coisas têm disso, né? O jeito como temos sido um com o outro é assustador, mas muito bom também. Eu me sinto em paz e empolgado, sem deixar de sentir pavor. É uma grande e teórica cilada. Parte da minha cabeça diz para irmos mais devagar, para eu me distanciar, mas outra parte diz para eu aproveitar enquanto existir. É complicado.

Será que amanhã você vai simplesmente parar de me responder, como fizeram antes? Será que vou entediar você? Ou será que vai ver que não somos aquilo que estava imaginando? E eu? Será que vou preferir sumir da sua vida para me proteger? Ou será que vou  deixar você entrar sem pedir licença mesmo?

Às vezes, nós nos esquecemos de como é bom quando gostam de nós, e aí meio que tentamos nos proteger fugindo de bons momentos. É como se tudo fosse ruir e nos fazer mal. É que só quem tem teve uma ferida difícil demais para fechar sabe quanto medo sente de que ela se abra de novo.

Talvez eu esteja ansioso demais. Pode ser. Talvez meu preciosismo esteja exagerado. Ou talvez eu esteja com toda a razão do mundo. Não sei dizer. É muito louco. Preciso repetir que é muito louco.

Vai ver, era exatamente disso que eu precisava depois de algum tempo. Vai ver, com você o roteiro pode ser igual, mas o fim diferente. Ou vai ver você realmente não vale nada e estou aqui de novo me entregando cegamente.

Sobre o que fazer: não tenho resposta. Sobre você: tenho sentimento.

 

Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Amor: 123RF Imagens.

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Márcio Rodrigues
Paulistano de 28 anos, gosto mesmo é das pequenas coisas e de como as pessoas lidam com elas. E aí que resolvi escrever sobre os sentimentos das pessoas. Sobre a saudade, sobre a “mensagem visualizada”, sobre o “será que corro atrás?”, sobre o “você gosta mais de mim do que eu de você” e outras coisas.

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