A Justiça de São Paulo determinou que a Record compense um fã da cantora Ivete Sangalo com R$ 30 mil. A emissora tem a possibilidade de recorrer da decisão, porém não se manifestou sobre o assunto.
Entrevista inicial e uso subsequente
Em 2018, um adolescente de 17 anos, que atuava como cuidador de idosos, foi entrevistado pelo Jornal da Record na série “Vida de Fã”. Ele compartilhou sua admiração pela artista baiana durante a entrevista.
Segundo documentos vistos pela coluna “Outro Canal”, ele ficou contente com a reportagem, descrevendo-a como “respeitosa, descontraída e oportuna”.
Cinco anos depois, sem consulta prévia, a Record cedeu as imagens da entrevista ao programa Fala que Eu te Escuto, produzido pela Igreja Universal do Reino de Deus e exibido no horário noturno da emissora. Na ocasião, bispos e fiéis debateram o tema: “Fãs obcecados: carência, infantilidade ou admiração?”
Repercussões negativas e defesa da emissora
Os advogados Liandra Almeida, Mariana Verderamo e Rone Wulff Filho, representantes do autor da ação, informaram à Justiça que o jovem foi ridicularizado durante o programa. As críticas dos telespectadores foram severas enquanto exibiam fotos dele.
Eles acrescentaram: “Ao final, os pastores ainda fizeram uma grande pregação contra os fãs, retratando-os como grandes pecadores.”
Já a defesa da Record alegou no processo que não era responsável pelo conteúdo da reportagem exibida pela Universal, afirmando ter apenas comercializado o sinal de transmissão. A emissora argumentou:
“Se, porventura, existiu algum ilícito, não foi a Record que o causou.”
Decisão dos desembargadores
A emissora também sustentou que o jovem “exagera” em suas reclamações e que a matéria não o expôs a uma situação vexatória nem incluiu comentários depreciativos. A defesa afirmou que o objetivo era debater publicamente o comportamento dos fãs.
No entanto, os desembargadores do Tribunal de Justiça rejeitaram esses argumentos e determinaram que a emissora pagasse a indenização. O desembargador Vitor Kümpel enfatizou na decisão:
“Mesmo com a autorização do autor do processo para utilização da primeira entrevista ocorrida em 2018, caberia à Record pedido de nova autorização cinco anos depois“, destacando as diferenças entre as duas reportagens.
Ele também apontou que: “O programa religioso associou tal comportamento [de fã] a características negativas, realizando inclusive enquetes para votação se tal conduta poderia ser considerada como infantilidade, carência ou admiração“.